Quando digo que não gosto do Fevereiro, é mesmo porque foi nesse mês do longínquo 1981 que sofri a minha primeira derrota. Foi no 11 desse mês que chorei à séria. Que senti que, para além de todas as coisas boas que já tinha vivido e por conta delas ri a bandeiras despregadas, haviam também coisas muito más para obrigatoriamente viver e por elas sofrer. Foi nesse mês que senti pela primeira vez o nó na garganta, que não sabia o que era até essa altura. Perdi o Pai. O homem que me concebeu e alimentou, educou. Custa-me sempre passar o Fevereiro. Podia ser outro mês qualquer, obviamente. Mas foi este o primeiro mês que retirei do meu calendário de sorrisos. Há dias recebia a notícia da morte do Pai de alguém que me é querido e mais uma vez pensei: esse maldito Fevereiro.
Mas hoje, a tratar do meu jardim, que consiste em cerca de alguns decímetros quadrados da minha varanda reparei que a violeta amarela já luta por dar flor. Tímida e, ainda assim, corajosamente. Em Fevereiro.
E pensei: afinal, há vida em Fevereiro.
Minha querida: Não tires o Fevereiro do teu calendário.